Friday, August 5, 2011







A Voz das Máquinas no Museu da Música Portuguesa - uma exposição para ver, ouvir e... aprender muito

I - O espaço

They all laughed at Christopher Columbus
When he said the world was round
They all laughed when Edison recorded sound
  
George e Ira Gershwin, They All Laughed


       Há muito que deixei de me preocupar demasiado com os intervalos na minha ocupada vida em que me permito o luxo de seguir sem rumo fixo ou predeterminado, naquilo a que se costuma chamar deriva. É certo que se vai sem destino, sem um objectivo que à partida se conhece, mas sem esse alvo a atingir toda a nossa atenção se pode concentrar no que vamos encontrando pelo caminho, à medida que avançamos, e os nossos sentidos parecem regressar à sua potencialidade primeira, sem as exigências próprias do raciocínio lógico. E depois, talvez a deriva seja afinal mais do que isso: como escreve Rui Zink algures, "Uma verdadeira peregrinação parece quase sempre ao princípio (...) uma errância sem sentido". Não sei se este pequeno passeio de princípio de manhã estival se insere nessa categoria maior da viagem, mas no meu caso qualquer movimento tem sempre a ver com uma busca de sentido (nem sempre consciente). Até porque quem escreve estas linhas é curiosa como os gatos... e quem sabe se os gatos não procuram também um sentido, bem à maneira deles? Já que até sabem escolher os donos... sem ofensa para os donos de cães, que daqui a nada já vou também falar deles (i.e., dos cães!).



       Eis então o que descobri desta vez, passeando ao acaso no Estoril numa bela manhã de Verão: de repente encontrei-me diante da porta do Museu da Música Portuguesa e fiquei deslumbrada com o que me foi dado ver, um espaço arquitectónico maravilhoso, uma "casa portuguesa", segundo o traço de Raul Lino, que alberga preciosos acervos, portugueses também, conjuntos de instrumentos legados por Lopes-Graça e Giacometti. E ainda uma belíssima exposição temporária intitulada A Voz das Máquinas, mostra de fonógrafos e gramofones da colecção de Luís Cangueiro, única em Portugal, que nos faz viajar ao período que vai desde os finais do séc. XIX, quando começavam a fazer-se os primeiros registos de som, até aos anos 30 do séc. XX. Mas sobre isso poderá ler, ver e ouvir mais num próximo post deste blogue. Para já, fotografias do Museu de Música Portuguesa - Casa Verdades de Faria,  num dia cheio de sol e muita, muita luz.














(a continuar)