O café segundo J. S. Bach (II)
Mais uma vez percorro a cidade e me embrenho em vielas, passo por praças e grandes espaços certamente sob o signo de Kafka, reequacionando margens e centros, encontrando-os onde quiser, já que dependem afinal da perspectiva, "o horizonte move-se com o caminhante" ...
Acompanhando J. S. Bach, que partiu da inspiração do café para escrever uma Cantata, e que percorreu também ele tantas vezes estes mesmos sítios que agora revisito...
Seguindo passos que terão sido de tantos artistas, poderemos continuar com Robert Schumann, Franz Liszt ou Richard Wagner, se escolhermos a área musical; com Lessing, Goethe ou E. T. A. Hoffmann, se preferirmos um guião mais literário...
Uma coisa é certa nestes tempos incertos: há História a cada passo pisando estas pedras, e até em termos de espaço podemos viajar para longínquas paragens sem sair do centro desta cidade alemã. Por força do hábito de viver em cidades estrangeiras, habituei-me, nestes já 16 anos, a conviver não só com o imenso potencial de cultura que cada cidade onde vivi contém, mas mais ainda, pelo contacto vivo com culturas diferentes, a procurar em cada uma dessas cidades pontos singulares de ligação entre elas.
Hoje procuro aqui este ponto singular onde ocidente e oriente aparecerão ligados, o café mais antigo da Alemanha e, juntamente com o Café Procope de Paris, um dos mais antigos da Europa, o Coffe Baum de Leipzig, fundado em 1720 com o nome Zum Arabischen Coffe Baum. É esta ligação que aparece representada na escultura barroca que adorna a entrada do café, um oriental oferecendo uma taça de café a um menino.
Desde 1720 serve-se aqui café, chá, cacau e álcool, lúpulo e malte, pequenos snacks e, a partir de 1800, serviço à la carte. Hoje em dia o Coffe Baum oferece espaços de café árabe, francês e vienense, e o restaurante "Lehmann-Stube". Este edifício de vários andares convida ainda os visitantes a descobrir o museu do café em 15 salas, com mais de 500 objectos expostos, todos dedicados a esta bebida que dizem ser a preferida na Saxónia.
Deixo-vos com um tema musical dedicado ao café, nas versões de Marlene Dietrich (vd. post anterior) e mais recentemente, de Max Raabe, ambos ao vivo - "You're the Cream in my Coffee" -
Deixo-vos com um tema musical dedicado ao café, nas versões de Marlene Dietrich (vd. post anterior) e mais recentemente, de Max Raabe, ambos ao vivo - "You're the Cream in my Coffee" -