Monday, June 23, 2014

"Cenas do Cacau, Figuras de Amado": Isabel Florêncio Pape no CLPC de Hamburgo

 
 
Isabel Florêncio Pape









 Realizou-se na passada quinta-feira dia 19 de junho de 2014 no Centro de Língua Portuguesa - Camões da Universidade de Hamburgo uma sessão de apresentação da exposição Cenas do Cacau - Figuras de Amado, de Isabel Florêncio Pape. Isabel é licenciada em Artes Plásticas, mestre em Comunicação Social e Doutora em Literatura Comparada e Estudos Semióticos pela Universidade Federal de Minas Gerais; desde 2010 vive e trabalha em Hamburgo.
 
A fotógrafa percorreu em 2010 a rota da "Costa do Cacau" na Baía à procura de um equivalente em imagens fotográficas ao ciclo de quatro romances de Jorge Amado relativos ao tema: Cacau (1933), Terras do sem Fim (1943), S. Jorge dos Ilhéus (1944) e Tocaia Grande (1984). Estes romances retratam a história das plantações de cacau na região natal do autor e exprimem a sua visão crítica da sociedade brasileira de então, com as suas contradições e desigualdades, mas também a sua fidelidade aos temas nacionais, crenças e tradições do povo brasileiro.
 
A artista toma como cenário da sua encenação fotográfica da obra de Jorge Amado uma plantação de cacau em ruínas, que tinha sido abandonada em 1989 devido a uma praga das árvores de cacau ("vassoura de bruxa"). As imagens de Isabel Florêncio recriam quer o texto do romancista quer a época retratada, levando o espectador a refletir sobre a perenidade da recriação da realidade histórica e social pela arte (da escrita e da imagem, um exemplo claro de diálogo intertextual e de intermedialidade, mais precisamente entre fotografia e literatura neste caso).
 
Festejou-se em 2012 o centenário de Jorge Amado, que em 1994 recebeu o Prémio Camões pela sua obra. Nessa ocasião esteve patente em Lisboa na Biblioteca Nacional a exposição Jorge Amado em Portugal. O material apresentado incluía - a título de curiosidade - o processo que a polícia política do regime de Oliveira Salazar fez sobre Jorge Amado, e um texto do escritor em defesa de Álvaro Cunhal, líder do PCP, publicado na clandestinidade pelo jornal Avante. Quando em 1931 foi editado País do Carnaval, Jorge Amado foi recebido como o "escritor do romance social", comparável ao pintor Cândido Portinari. A edição de Gabriela Cravo e Canela em 1958 e a sua enorme projeção em todo o mundo permite a edição em Portugal em 1960, e o escritor vem a Portugal em 1966. Desde então multiplicam-se as edições e tiragens, e a partir da Revolução de 25 de Abril de 1974 toda a obra de Jorge Amado tem edição integral e é reforçada pela adaptação de alguns dos seus romances a séries de televisão e ao cinema, destacando-se Gabriela Cravo e Canela à televisão em 1977 e D. Flor e seus dois Maridos ao cinema.
 
O evento foi uma iniciativa de Ana Quintão, dinamizadora do GDTB (Grupo de Discussão sobre Temas Brasileiros), em colaboração com o CLPC (Centro de Língua Portuguesa - Camões na Universidade de Hamburgo).
 
A sala do CLPC estava transfigurada pela montagem da exposição, também ela imaginada pela artista, e o público discutiu longa e entusiasmadamente a temática da exposição com a fotógrafa.
 
 
 




Ana Quintão, Isabel Florêncio, Ana Delgado
 
 
 

 


 
 
 
 
 

 
 
 
 
Fotos do evento da autoria de Cristina Francisco
 
Página do GDTB
 


Thursday, June 12, 2014

Concerto dos Lavoisier na Casa Peter Weiss em Rostock


 

 
 
 
       Realizou-se a 10 de junho de 2014 na Casa Peter Weiss em Rostock um concerto do grupo musical português Lavoisier. Os Lavoisier, Patrícia Relvas e Roberto Afonso, deliciaram o público de jovens estudantes que enchia a bela sala da Casa da Cultura e Literatura Peter Weiss com as suas interpretações / performances, durante uma hora de espetáculo sempre emocionante e dois encores de música brasileira ("A Garota de Ipanema" e "O Pato").
 
       O casal de jovens artistas tem vindo a desenvolver um projeto de trabalho à volta da música portuguesa do folclore nacional como recolhida por Fernando Lopes Graça e Michel Giacometti, tomando como mote para a sua interpretação o conceito de transformação de Anthoine de Lavoisier  ("Na Natureza nada se perde, tudo se transforma") e de antropofagia do manifesto modernista brasileiro. Ouvi-los e vê-los atuar em palco é uma experiência única, sentindo como eles transformam, através da sua interpretação e versões, a música popular portuguesa já existente, ou os poemas de Pessoa, ou a música popular brasileira.
 
 
 O evento foi uma iniciativa do Leitorado do Camões - Instituto para a Língua e Cooperação nas Universidades de Hamburgo e de Rostock, com a colaboração da Associação de Estudantes da Universidade de Rostock e de Christoph Behrens e da Casa de Cultura e Literatura Peter Weiss em Rostock, no âmbito dos festejos do Dia de Portugal, Camões e das Comunidades. Os Lavoisier têm estado em digressão pela Europa (concertos em Berlim, Hamburgo, Heidelberg, Copenhaga, Duisburg, Amesterdão, Chemnitz, Düsseldorf).

 
Agradecemos em especial a Chris Behrens o seu empenho nesta iniciativa, e a belíssima sala na Casa Peter Weiss, onde o grupo e o público puderam apreciar condições acústicas raras.
 

Os Lavoisier são Patrícia Relvas e Roberto Afonso
http://www.whoislavoisier.com/
 
 
Aqui ficam fotografias do animado convívio depois do evento no jardim da Casa Peter Weiss em Rostock:
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Patrícia Relvas e Roberto Afonso com os organizadores do evento, Ana Maria Delgado e Christoph Behrens.