Monday, November 29, 2010

O primeiro retrato oficial do Papa Bento XVI exposto em Leipzig


O contraste não podia ser maior: o representante máximo da Igreja católica e o seu retratista, o pintor Michael Triegel, 42 anos, de óculos e barba e parecendo ainda muito jovem, fotografado em pose informal junto ao retrato oficial de Bento XVI.
No entanto, foi este pintor alemão natural de Erfurt e representante da Nova Escola de Leipzig, o escolhido por Hermann Reidel, Director do Museu da Diocese de Regensburg, para pintar o primeiro retrato oficial do Papa Bento XVI. Para Reidel, Michael Triegel é o pintor que melhor poderia realizar esta obra, dado o seu estilo figurativo, muito na tradição dos antigos mestres, usando motivos da mitologia e história sagrada cristãs. O próprio pintor se define como não-religioso em sentido restrito, mas fala ao mesmo tempo dos seus quadros como "quadros de uma nostalgia" ("Bilder einer Sehnsucht"). Gostaria de possuir uma crença que mostrasse a procura de sentido. Se definirmos religiosidade como a luta contra a falta de sentido e o sofrimento, então não podemos separar a questão religiosa dos grandes problemas da humanidade, afirma Michael Triegel em entrevista.
Bento XVI chamou ao pintor, um pouco a brincar, "o meu Rafael", e Triegel naturalmente estudou com pormenor retratos de papas anteriores a Bento XVI. Trabalhou durante dois meses e meio no retrato do Papa, sem este ter posado para o quadro. Mas Michael Triegel pôde observar, fotografar e sobretudo desenhar Bento XVI durante uma audiência de duas horas, e assim vê-lo em movimento, estudar a sua expressão e aura pessoal.
Agora, o quadro está, juntamente com mais dois dos esboços que Triegel pintou, na exposição "Verwandlung der Götter" ("Transformação dos Deuses"), que foi inaugurada no passado sábado, dia 27 de Novembro, no Museu de Belas-Artes de Leipzig. A exposição estará aberta até ao dia 6 de Fevereiro de 2011 e mostra 70 quadros de Michael Triegel, de 1993 a 2010. O retrato agradou ao Papa e será exposto a 19 de Abril, sexto aniversário do seu Pontificado, na Catedral de Regensburg, após o que ficará na entrada do "Instituto Papa Bento XVI".
O retrato mostra um intelectual que o Papa também é, e ao mesmo tempo um homem de 83 anos. O olhar interroga o espectador, o papel que tem na mão indica que é um intelectual, um homem do espírito, que vive da palavra e da escrita. O padrão de granada da cadeira sinaliza os seguidores de Cristo: a granada é o fruto do Paraíso, e os grãos representam as gotas de sangue de Cristo. O braço da cadeira representa a chave do reino dos céus que Jesus prometeu a Pedro, no qual o Papa se apoia.
É assim que o pintor explica o seu quadro, mostrando ao mesmo tempo quão profundamente conhece a tradição pictórica a que dá continuidade com este primeiro retrato oficial do Papa Bento XVI, exposto agora pela primeira vez na cidade de Leipzig.
Fontes:
"Papst-Porträt steht in Leipzig", RP ONLINE , 26.11.2010
Wolf-D. Kröning, "Papst-Maler Triegel erklärt uns sein Benedikt-Bild", Bild.de, 27.11.2010
Susanne Altman, "Michael Triegel", art-magazin.de, 22.04.2010

Thursday, November 4, 2010




Chaplin dança na Ópera de Leipzig





A Ópera de Leipzig estreou no passado dia 30 de Outubro de 2010 o espectáculo de bailado Chaplin, de Mario Schröder, com música de Charlie Chaplin, Benjamin Britten, Samuel Barber e Richard Wagner. Nesta nova versão do seu trabalho, o director do Ballett de Leipzig interroga-se sobre quem foi o homem por detrás do clown que conhecemos do cinema mudo, o vagabundo de bigode, chapéu de coco e bengalinha, que aos poucos foi tomando posição política e mostrando a sua visão do mundo do trabalho, das fábricas, greves e manifestações, do clown que desafiou o ditador e o fez parecer minúsculo. O empenhamento político de Chaplin levou a América conservadora a expulsá-lo do país na era McCarthy.
O bailado Chaplin mostra as várias estações da vida do actor e realizador, referindo sempre a sua actividade criativa e mostrando o artista que observa a realidade do seu tempo com olhos bem abertos e com grande sensibilidade. A compaixão de Chaplin pelos mais desfavorecidos e o seu sentido de justiça fazem dele um modelo de humanismo, a par com D. Quixote e Jesus de Nazaré.
A estreia contou com a presença da filha de Chaplin, a actriz Geraldine Chaplin, muito comovida com a homenagem assim prestada ao pai.
Chaplin, bailado de Mario Schröder
Dramaturgia de Thilo Reinhardt
Orquestra do Gewandhaus de Leipzig, dirigida por William Lacey
Guarda-roupa e cenários de Paul Zoller
Fonte, imagem e vídeo: página da Internet da Ópera de Leipzig