Thursday, December 15, 2016

Ana Luísa Amaral no Centro de Língua Portuguesa - Instituto Camões da Universidade de Hamburgo







A sala de aula do Centro de Língua Portuguesa - Instituto Camões de Hamburgo tinha-se transformado para uma sessão de leitura com a escritora, poeta e Professora da Universidade do Porto Ana Luísa Amaral, mas mesmo assim parecia pequena para um público tão numeroso. Os alunos e docentes tinham acorrido em largo número, assim como o público lusófono de Hamburgo. Encontravam-se presentes a Prof ª Drª Inke Gunia, a Profª Drª Sílvia Melo-Pfeifer, elementos da comunidade lusófila de Hamburgo como o Dr. Peter Koj da Sociedade Luso-Hanseática, a Senhora Pastora de  Norderstedt Friederike Heinecke, elementos da comunidade portuguesa (Drª Adelina de Almeida Sedas, Drª Otília Banda Dias, entre outros) e da comunidade brasileira de Hamburgo (a diretora do Grupo de Discussão de Temas Brasileiros, Drª Cristina Francisco, e a docente de Português do Instituto de Romanística agora reformada, Vania Kahrsch), e várias turmas de Português dos docentes Dr. Júlio Matias e Fábio Nogueira e da leitora Drª Ana Maria Delgado.

Após as boas-vindas dadas pelo Prof. Dr. Martin Neumann e pela Drª Ana Maria Delgado, a nossa convidada foi saudada pela aluna Luisa Lua (nome artístico de Luisa Hoerder), que interpretou,  acompanhando à guitarra acústica, um poema de Ana Luísa Amaral "Quase de nada místico" musicado pela cantora (vídeo em cima). 

Ana Luísa Amaral deu, então, início à sessão de leitura de poemas seus (sempre acompanhados pela projeção, no quadro, dos poemas em alemão, e pela interpretação consecutiva da Drª Barbara Mesquita), dando explicações e fazendo comentários sobre pormenores, génese dos poemas, etc. Foi muito aplaudida no final, e todo o tempo pareceu pouco ao público que, creio, guardará este evento, e os poemas de Ana Luísa Amaral, em grata recordação.


Prof. Dr. Martin Neumann dá as boas-vindas


Barbara Mesquita faz a interpretação consecutiva


Luisa Lua interpreta o poema de Ana Luísa Amaral "Quase de nada místico", que musicou


Ana Luísa Amaral












Fotos: Gianina Júlio



Público da sessão 




Fotos do público: Cristina Francisco

Monday, November 14, 2016

A escritora portuguesa Ana Luísa Amaral em breve em périplo pela Alemanha


Na Universidade de Mainz / Germersheim





Na Universidade de Hamburgo








A escritora, poetisa e Professora Associada da Universidade do Porto Ana Luísa Amaral fará, no dia 29 de novembro, das 11.20 às 12.50h, uma sessão de leitura seguida de conversa na Faculdade de Letras, Culturas e Tradução da Universidade Johannes Gutenberg Mainz / Germersheim, no âmbito do projeto "Portugal em cores feministas e pós-feministas" do curso de Tradução, no qual os alunos têm estado a traduzir a Antologia Do branco ao negro (2014) que integra o conto da autora "The dying animal", (branco). Esta sessão vem encerrar os trabalhos e o conjunto de conferências desenvolvidos ao longo deste projeto.


No Centro de Língua Portuguesa - Instituto Camões do Instituto de Romanística da Faculdade de Letras da Universidade de Hamburgo a autora fará duas sessões no dia 30 de novembro. A primeira, uma sessão de leitura seguida de conversa, das 12 às 14h, para os cursos de Cultura Portuguesa - Imagens da Mulher, Expressão Escrita II, e Conversação (esta sessão de leitura contará com interpretação de conferência por Barbara Mesquita).

Ana Luísa Amaral participará numa segunda sessão das 18 às 21h, também no Centro de Língua Portuguesa - Instituto Camões de Hamburgo, para o Grupo de Discussão de Temas Brasileiros da Universidade de Hamburgo, sobre os projetos "Intersexualidades" e "As Novas Cartas Portuguesas", que a escritora dirige na Universidade do Porto, sendo também esta sessão seguida de debate com o público.


Texto elaborado por Ana Maria Delgado em colaboração com Teresa Perdigão



Ana Luísa Amaral nasceu em Lisboa e vive desde os nove anos de idade no Porto, em Leça da Palmeira. É poetisa e Professora Associada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, trabalhando nas áreas da Literatura Comparada, Estudos Feministas e Estudos Queer, e integra a direção do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa. É co-autora do Dicionário de Crítica Feminista (2005) e preparou a edição anotada de Novas Cartas Portuguesas (2010); co-organizou os livros Novas Cartas Portuguesas 40 anos depois (2014) e New Portuguese Letters to the World (2015).

Tem mais de uma dezena de livros de poesia publicados desde 1990, para além de outros tantos de literatura infantil, tendo vencido prémios literários importantes como o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (2008), o Prémio António Gedeão (2012), o Prémio PEN de Narrativa da Associação Portuguesa de Escritores (2014), bem como a Medalha de Ouro de Mérito da Câmara Municipal de Matosinhos (2015).


A sua obra encontra-se traduzida e publicada e tem feito sessões de leitura em mais de dezasseis países; na Alemanha, tem no prelo um volume de poesia, Stimmen.



Wednesday, June 1, 2016


Dia da Língua Portuguesa 2016 no Centro de Língua Portuguesa - Instituto Camões da Universidade de Hamburgo, com a escritora Lídia Jorge


Lídia Jorge


Teve lugar no dia 4 de maio de 2016, no Centro de Língua Portuguesa - Instituto Camões da Universidade de Hamburgo, o evento comemorativo do Dia da Língua Portuguesa 2016. Este ano o tema foi "história(s) e memória(s) da África Lusófona", glosando a frase da escritora Lídia Jorge no romance A Costa dos Murmúrios "Definitivamente, a verdade não é o real".

Convidada principal do evento, Lídia Jorge falou sobre a sua obra "Entre Lisboa e África - Livros de despedida, livros de chamada". A Profª Drª Sílvia Melo-Pfeifer (Universidade de Hamburgo) falou sobre o tema "Filha de retornados e a memória das memórias dos meus pais", e a Drª Luísa Coelho (leitora do Camões, ICL na Universidade Hamboldt de Berlim) falou sobre "O grito da tatuagem, silêncios que falam. Reflexões sobre a guerra colonial portuguesa".

Seguiu-se animada discussão com o público presente.

A sessão foi apresentada pela Senhora Cônsul Geral de Portugal em Hamburgo, Drª Luísa Pais Lowe,  pelo Prof. Dr. Martin Neumann, e pela Drª Ana Maria Delgado, leitora do Camões, ICL na Universidade de Hamburgo.

À tarde foram apresentados os livros editados pela Drª Luísa Coelho Pontes por Construir e Encontros por Contar, sempre num ambiente festivo e de grande boa disposição.



Prof. Dr. Martin Neumann


Drª Luísa Pais Lowe, Cônsul Geral de Portugal em Hamburgo














Prof. Dr. Sílvia Melo-Pfeifer





Drª Luísa Coelho










Drª Ana Maria Delgado, Drª. Luísa Coelho, escritora Lídia Jorge, Prof. Dr. Sílvia Melo-Pfeifer, Prof. Dr. Martin Neumann

Fotos: cortesia de Cristina Francisco
3 fotos da Senhora Cônsul: cortesia de Luanny Tiago



Monday, April 25, 2016

Dia da Língua Portuguesa, 4 de maio de 2016 no Centro de Língua Portuguesa - Camões da Universidade de Hamburgo


Aqui fica o convite para o Dia da Língua Portuguesa 2016 na Universidade de Hamburgo, com a presença de Lídia Jorge e outras/os convidadas/os: venha festejar connosco!




                                         



Monday, January 18, 2016

"Poemas das Portuguesas: a voz e a alma das poetas lusas na memória das mulheres emigrantes portuguesas em Hamburgo", no restaurante-galeria Nau, a 14 de dezembro de 2015




       O evento "Poemas das Portuguesa: a voz e a alma das poetas lusas na memória das mulheres emigrantes portuguesas em Hamburgo" foi idealizado por Luisa Pais Lowe com o objetivo de homenagear a comunidade portuguesa em Hamburgo, nomeadamente as mulheres emigrantes, através da memória poética que é parte essencial da identidade (da "alma").

       A primeira parte do título do evento refere-se ao livro de poemas da autora inglesa Elizabeth Barrett Browning Sonnets from the Portuguese, publicado em 1850, e escrito entre 1845-46 durante o período em que a poeta conheceu o futuro marido, o também escritor Robert Browning. Só mais tarde partilharia com ele esses poemas de foro íntimo e, para se protegerem da curiosidade do público vitoriano da época, resolveram publicar o volume com um título que, no entanto, se referia à autora, que era de estatura pequena e tinha cabelos e olhos escuros, e a quem o marido chamava "my little Portuguese".

       No evento, que teve lugar a 14 de dezembro de 2015 às 17,30h, seis portuguesas, incluindo a Senhora Cônsul Geral de Portugal em Hamburgo, Drª Luisa Pais Lowe, apresentaram e leram poemas de autoras portuguesas que as acompanharam na emigração para a Alemanha. No final dialogaram com o público, que colocou questões e fez perguntas.

       A sessão teve o apoio do Camões, I.P. e foi organizada em parceria com o Centro de Língua Portuguesa - Camões da Universidade de Hamburgo, e com o restaurante-galeria Nau, no Bairro Português de Hamburgo.

       O Embaixador João Mira Gomes esteve presente neste evento sobre poesia no feminino num contexto migratório, incluído na sua primeira visita oficial a um Estado Federado alemão, entre 13 e 15 de dezembro de 2015. Na receção que se seguiu, com prova de vinhos e iguarias portuguesas, o Senhor Embaixador conversou com membros da comunidade portuguesa de Hamburgo e de outros estados da área consular de Hamburgo, em especial Bremen, Schleswig-Holstein e Baixa Saxónia.

(Vd. texto da página do Facebook da Embaixada de Portugal em Berlim, Alemanha, de 18 de dezembro de 2015)

Aspeto inicial do público do evento

SE Embaixador de Portugal em Berlim, João Mira Gomes


A escolha de Ana (Sophia de Mello Breyner Andresen, "Ítaca")


A escolha de Ana 

Ana Maria Delgado, Responsável pelo Centro de Língua Portuguesa e Leitora do Camões, I.P. na Universidade de Hamburgo, veio para a Alemanha, pela sexta vez, em 2012.

Sophia de Mello Breyner Andresen 

Ítaca 



Quando as luzes da noite se reflectirem imóveis nas águas verdes de Brindisi

Deixarás o cais confuso onde se agitam palavras passos remos e guindastes

A alegria estará em ti acesa como um fruto
Irás à proa entre os negrumes da noite
Sem nenhum vento sem nenhuma brisa só um sussurrar de búzio no silêncio

Mas pelo súbito balanço pressentirás os cabos
Quando o barco rolar na escuridão fechada 
Estarás perdida no interior da noite no respirar do mar
Porque esta é a vigília de um segundo nascimento

O sol rente ao mar te acordará no intenso azul
Subirás devagar como os ressuscitados
Terás recuperado o teu selo a tua sabedoria inicial 
Emergirás confirmada e reunida 
Espantada e jovem como as estátuas arcaicas 
Com os gestos enrolados ainda nas dobras do teu manto 

In Geografia, 1967



A escolha de Adelina (Regina Correia, "Neste lugar onde já não estás")


A escolha de Adelina

Adelina Sedas, assistente social, veio para a Alemanha em 1964 e pertence à primeira geração de portugueses neste país, sendo uma referência cultural incontornável em Hamburgo. 


Regina Correia 


Neste lugar onde já não estás 



Neste lugar onde já não estás

eis o sol tomando a hora do assombro

lugar de incêndio em tons de verde 

o olhar vidrado das raparigas.


Ei-las de novo fogo e maré
no furor do gesto, no ondear da tarde, 
na cadência alada de cada passo
que a cidade acolhe em sobressalto. 

Eis o poente esvaído em chama 
sobre a montanha, por sobre as águas 
bendito leito de aves regressando a 
este lugar onde já não estás. 

Eis a inocência louca dos amantes
agora solta em cada corpo ardendo
na paixão febril e imprevista
no dorso aveludado do anoitecer. 

Eis o tumulto, eis a sedução
no róseo esplendor da magnólia
coroando o despertar da terra 
neste lugar onde já não estás. 

E eis-me tangencial à morte 
só abandono e sombra, quase volátil 
porque já não estás neste lugar 
onde fomos ave, quimera, sagrado canto. 

In Sou Mercúrio, Já Fui Água, 2001 




A escolha de Filipa (Maria Guiomar Ávila, "Quando a saudade vem")


A escolha de Filipa 


Filipa Baade, professora de Português e membro da Direção da Associação 

Luso-Hanseática de Hamburgo, veio para a Alemanha em 1968. 



Maria Guiomar Ávila 



Quando a saudade vem 



Quando a saudade vem, inesperada,

Nasce uma doce luz no meu olhar:
Luz de ocaso caindo sobre o mar
Da minha vida triste, amargurada. 

Quando a saudade vem, já não há nada
No coração que fique por lembrar. 
Tudo dizemos mesmo sem falar
E esse silêncio é paz abençoada.

Quem poderá dizer o que é saudade? 
A nostalgia da felicidade… 
Talvez recordações de uma emoção… 
O tempo, a pouco e pouco, vai passando 
E a saudade lá vem, de quando em quando, 
Aninhar-se no nosso coração. 

In À Janela da Vida, 1998 

A escolha de Alexandra (Ana Luísa Amaral)



A escolha de Alexandra 

Alexandra Schmidt, filóloga e professora de inglês e alemão, nasceu em Hamburgo, filha de pais portugueses, representando a segunda geração de emigrantes. Depois de 20 anos em Portugal, voltou para a Alemanha em 2011.  






Ana Luisa Amaral 



Lugares Comuns



Entrei em Londres 

num café manhoso (não é só entre nós que há cafés manhosos, os ingleses também, e eles até tiveram mais coisas, agora é só a Escócia e parte da Irlanda e aquelas ilhotazitas, mais adiante) 

Entrei em Londres 

num café manhoso, pior ainda que um nosso bar de praia (isto é só para quem não sabe fazer uma pequena ideia do que eles por lá têm), era mesmo muito manhoso, 
não é que fosse mal intencionado, era manhoso na nossa gíria, muito cheio de tapumes e de cozinha 
suja. Muito rasca. 
Claro que os meus preconceitos todos 
de mulher me vieram ao de cima, porque o café só tinha homens a comer bacon e ovos e tomate (se fosse em Portugal era sandes de queijo), mas pensei: Estou em Londres, estou sozinha, quero lá saber dos homens, os ingleses até nem se metem como os nossos, e por aí fora... 
E lá entrei no café manhoso, de árvore de plástico ao canto. Foi só depois de entrar que vi uma mulher sentada a ler uma coisa qualquer. E senti-me mais forte, não sei porquê, mas senti-me mais forte. Era uma tribo de vinte e três homens e ela sozinha e depois eu
Lá pedi o café, que não era nada mau para café manhoso como aquele e o homem que me serviu disse: There you are, love. Apeteceu-me responder: I’m not your bloody love ou Go to hell ou qualquer coisa assim, mas depois pensei: Já lhes está tão entranhado nas culturas e a intenção não era má, e também vou-me embora daqui a pouco, tenho avião quero lá saber 
E paguei o café, que não era nada mau 
e fiquei um bocado assim 
a olhar à minha volta 
e a ver a tribo toda a comer ovos e presunto 
e depois vi as horas e pensei que o táxi 
estava a chegar e eu tinha que sair 
E quando me ia levantar, a mulher sorriu 
Como quem me diz: That´s it 
e olhou assim à sua volta para 
o presunto 
e os ovos e os homens todos a comer 
e eu senti-me mais forte, não sei porquê, 
mas senti-me mais forte 
E pensei que afinal não interessa 
Londres ou nós, 
que em toda a parte 
as mesmas coisas são.

In Coisas de Partir, 1993




A escolha de Salomé (Maria Teresa Horta, "Pequena cantiga à mulher"))


A escolha de Salomé 

Salomé Andrade-Pohl, economista a trabalhar na área de gestão e 

marketing, veio para a Alemanha em 2006. 


Maria Teresa Horta 



Pequena cantiga à mulher



Onde uma tem

O cetim 
A outra tem a rudeza
Onde uma tem
A cantiga
A outra tem a firmeza

Tomba o cabelo
Nos ombros
O suor pela barriga
Onde uma tem
A riqueza
A outra tem
A fadiga

Tapa a nudez
Com as mãos
Procura o pão
Na gaveta 
Onde uma tem
O vestígio
Tem a outra
A pele seca 

Enquanto desliza
O fato
Pega a outra na enxada
Enquanto dorme
Na cama
A outra arranja-lhe
A casa

In Cronista não é Recado, 1967


A escolha de Luísa (Fiama Hasse Pais Brandão, "Do amor IV")


A escolha de Luisa 

Luisa Pais Lowe, diplomata, Cônsul Geral de Portugal em Hamburgo, 

veio para a Alemanha, pela terceira vez, em 2013. 


Fiama Hasse Pais Brandão 



Do amor IV 



Esta vista de mar, solitariamente, 

Dói-me. Apenas dois mares, 
dois sóis, duas luas, 
me dariam riso e bálsamo. 
A arte da Natureza pede 
o amor em dois olhares. 

In As Fábulas, 2002 

Perguntas do público

Adelina e Filipa

Alexandra e Salomé

Momentos de partilha e boa disposição

Convívio e prova de vinhos e petiscos portugueses no restaurante-galeria Nau


Fotografias gentilmente cedidas por Glyn Lowe in: